segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Não há pescoços grátis

Dão-me azia bilhetinhos queridos, gestos largos, carícias delicadas. Tão pouco me seduzem momentos românticos, beijos inesperados, simpatias avultadas. Elogios rasgados, palavras ternas, abraços improvisados. Cedências, partilhas, confidências. Todas estas armas sociais para forjar intimidade causam-me uma gritante sensação de enfado. Não quero que se entreguem de corpo e alma quando prefiro que me entreguem o corpo para explorar com calma. Mas acima de tudo, não me abram o flanco do pescoço, distendendo-o de forma felina numa entrega cega de vulnerabilidade extrema. Pois se há coisa que aprendi na vida, é que não há pescoços grátis. Descobri isto durante um almoço grátis. Que, como toda a gente sabe, também não há. Ela paga-me o almoço e eu apago a seca sexual a que ela estava submetida. Da mesma forma que me entregou o pescoço e eu depois tive de lhe mostrar como ele é grosso. Mas continuando: Comeu como uma alarve, pouco se importando com as regras de conduta social. Não sei se seria da forma avantajada dos seus caninos ou da forma peculiar do nariz, mas enquanto deglutia o peixe, o seu rosto assemelhava-se ao de uma morsa. Fiz por visualizá-la assim durante toda a refeição. Talvez por culpa da minha mente que se divertia ao imaginar uma morsa sentada a comer naquele restaurante fino perante o olhar impassível dos presentes, ela ia falando e eu não percebia uma única palavra que ela dizia. Possivelmente porque estaria a falar em código morsa. Apenas acordei no final quando ela disse “Estou cheia”. Mas não tão cheia como ficou a sua pachachona horas mais tarde enquanto levava com o Pacheco.

15 comentários:

Malena disse...

E tu foste-te à morsa? Huuuuummmm... Gostas das cócegas do bigode, não é? :P

Patife disse...

Malena:
Ahahahahahahah. Mafarricas com bigode é que não se fode. ;)

Myriam disse...

Se ficou assim tão cheia... será que o Pacheco anda à boa vida há algum tempo?! :)

Patife disse...

Myriam:
Ficou com o papo cheio porque o Pacheco é um homérico bacamarte. ;)

Myriam disse...

ahahahahah!!

Carolina Louback disse...

Poderias usar uma boneca inflável em vez de uma morsa comilona, daria no mesmo, e não federia a peixe.

Anónimo disse...

Patife, tu que entendes tudo, ao mínimo detalhe, não percebeste o código morsa?!

:)

S* disse...

Chamar morsa à menina não é de cavalheiro!! :D

(Ela) disse...

"Não quero que se entreguem de corpo e alma quando prefiro que me entreguem o corpo para explorar com calma."

E não venham as vozes críticas falar mal disto porque nós também gostamos de ser exploradas com muitaaaa calma!

Beijo d'(Ela)

Tripolar disse...

Andas a ver muito BBC Vida Selvagem...

... disse...

Ou adormeceste a ver o National Geografic ou o teu head-terapist baralhou te as ideias... gaja com pescoço felino e corpo de morsa? andas mesmo desesperado...

Patife disse...

Myriam:
Há poucas coisas melhores que ver uma mulher a rir. Só mesmo ver uma mulher a vir. ;)

Carolina Tavares:
As bonecas insufláveis não gemem nem gritam nem arranham. Três coisas sem as quais o Patife não passa. ;)

desejo:
Há dois códigos que nunca hei-de perceber: o código morsa e o código de conduta social instituído. Também não percebo patavina de código html. ;)

S*:
Também não fui um cavalheiro na cama, mas foi ela que pediu que a tratasse mal e lhe chamasse nomes. ;)

(Ela):
Mas olha que há mulheres muito despachadas em que um tipo olha e pergunta internamente “já!?” Está sempre a acontecer-me. ;)

Tripolar disse...
Nunca escondi que grande parte das minhas técnicas foram aprendidas a ver a Vida Selvagem e o National Geographic. Temos muito a aprender com o comportamento selvagem na cama. ;)

Felina:
Os terapeutas só servem mesmo para baralhar as ideias. Mas sou grande fã do National Geographic. Por mais estranho que possa parecer aprendi muito com a vida sexual dos koalas. Não são assim tão fofinhos no que toca a sexo. ;)

Fruto Proibido disse...

Contigo é só simbiose, já vi. ;) Mas... Oh Patife...? Morsa? Como é que consegues aguentar tanto... porte?

Beijinhos

Anónimo disse...

Também não percebo patavina de código html. ;)


Este não entendo eu nada de nada, ;)


:))

Patife disse...

Fruto Proibido:
Por vezes temos de pagar portes de enfio. São sempre uma agradável surpresa. ;)

desejo:
Somos dois. Mas olha que o código social instituído é bem mais complexo. ;)