quinta-feira, 8 de março de 2018

Havemos de fornicar juntos

Esta noite acordei com um pesadelo tenebroso. O José Luís Peixoto estava a editar os meus textos. Páginas e páginas com anotações repletas de candura, sonhos e ambições de amor eterno. Garanto-vos que acordei com urticária psicossomática e uma camada de nervos tão grande que a insónia se prolongou manhã adentro. Para me entreter, comecei a pensar que se o Patife editasse os textos do José Luís Peixoto, haviam de ter escrito textículos de profunda sensibilidade que se tornariam numa epopeia de exaltação nacional, envolta numa carapaça estilística mais dura que o meu bacamarte. E se o Patife editasse os textos do José Luís Peixoto, teriam saído coisinhas lindas assim:

Normalmente, toda a gente está demasiado preocupada em colocar a sua estaca na cliente seguinte, andam ansiosos, nervosos, têm medo que aquele que está à frente lhes leve os pares de mamas, têm medo de encontrar um vestígio daquele que chegou primeiro. Enquanto não lhes arrancam as cuecas e espetam a sua estaca, não descansam. Depois, não descansam também, inventam logo outras maneiras de entreter a doentia mente com quem pode vir a seguir a eles. É por isso que poucos chegam a aperceber-se de que a verdadeira imagem do fervor sexual acontece num momento muito bonito e delicado, naqueles breves segundos que antecedem o momento em que um gajo entra chona adentro.

As canções e os poemas ignoram isto. Elevam campos, abraços, passeios na praia, paisagens de falésias, emoções, estrelas no céu, paixões e trastes de guitarras, mas esse momento específico, com ela de cuecas no meio das pernas a tremelicar, tal a sofreguidão de o meter, que antecede o arrombar pela primeira vez de uma bardanasca é ignorado ostensivamente por todos os cantores e poetas românticos do mundo. Bem sei que no momento há a crueza das palmadas que se seguem, há o barulho infernal de quem está a levar uma bem dada, gemidos de “ai-ai-ai Patife que m´arrebentas as bordas da cona”, há o barulho dos meus taurinos tomates a embater nas sinuosas curvas das nádegas, arranhões e apertos, todo um manancial de ordinarice e devassidão na entrega momentânea, e a noção de que depois seremos dois estranhos que não voltarão a tocar-se. Mas tudo isto, à volta, num plano secundário, só deveria servir para elevar mais ainda a grandeza deste momento.

É muito fácil confundir uma queca banal com uma preciosa quando surgem simultâneas e quase sobrepostas. Essa é uma das mil razões que confirma a necessidade da experiência. Foder é muito diferente de ver foder ou imaginar foder. Pelos olhos, incendiados pela carícia da insónia, passam-nos as fodas que escolhemos uma a uma e os instantes futuros que tememos que se sucedessem se uma dessas escolhas se tornasse definitiva: quando a seguir ela estiver a tentar ligar sofregamente vezes sem conta, a perguntar por que não saímos novamente ou a querer saber “qual-foi-o-problema-parecia-estar-tudo-bem”, é que nos apercebemos que pinámos uma vez e agora parece que temos logo de ir tomar o pequeno-almoço, pôr roupa suja na máquina enquanto cantamos, lavar os dentes juntos refletidos pelo mesmo espelho enquanto a espuma escorre pelas beiças, em vez de estarem com a boca cheia da minha generosa meita, a comunicar por palavras de sílabas imperfeitas, como se tivessem ficado com uma deficiência na fala depois de ter o meu Pacheco na boca.

Ter alguém que saiba ter a nossa picha na boca é um descanso na alma. Essa tranquilidade faz falta, abranda a velocidade do tempo entre pinadas. É incompreensível que ninguém a cante.

As canções e os poemas de amor ignoram tanto acerca de pinar. Amor também é pinar por aí afora, sem freios nem espartilhos sociais, é brincar com a arbitrariedade e aprender com as pinadas menos boas. Talvez seja uma queca épica, talvez seja uma desgraça, não importa. Mamas são mamas e não haverá televisão alguma que me distraia daquilo. Se me virarem o rabo também serve. É essa a magia deste amor. Pelo caminho, vai-se pinando, e chega-se ao fim da vida a equilibrar uma torre de chonas aleatórias.

12 comentários:

Delta de Vénus disse...

Faltava uma música sobre a arte de pinar no festival da canção...

António disse...

assim tem muito mais profundidade literária

Anónimo disse...

porque estiveste tu tanto tempo ausente, patife???

Vanda Nicole disse...

Até podiamos... Se eu não gostasse "delas" :)))
texto muito bom e tesudo ;)))


FELIZ DIA PARA TI MULHER!Para as mulheres que passam por aqui :)))

Beijinhos melados :)))

João P. disse...

Não desistas nunca! Ainda tenho esperança em andaremos nus na rua tal como os nossos primos chimpanzés e faremos o que nos der na Gana!

Existe Sempre Um Lugar disse...

Bom dia, as verdades ditas (escritas) são para ser absorvidas e pensar sobre as mesmas.
Bom fim de semana com liberdade de pensamento,
AG

Patife disse...

Delta de Vénus:
Tenho a certeza que seria a predilecta dos portugueses e um sucesso na eurovisão. Vou já começar a escrever para o próximo ano. ;)

António:
Com o Patife há sempre mais profundidade, dado o comprimento aqui do Pacheco. ;)

Anónimo:
As palavras estavam gastas. Estive a poli-las este tempo todo. Demorei mais um pouco porque o que gosto mesmo é de polir aqui a maçaneta. ;)

Vanda Nicole:
O Patife não é exclusivista. Podes trazê-las todas. Gostamos delas juntos. Não te parece um bom plano? ;)

João P.:
É o que faço diariamente, tirando a parte de andar nu. Mas isso é só porque o Pacheco iria a roçar no chão e eu tenho de preservar este autêntico Património Mundial da Humidade Chonal. ;)

Existe sempre um lugar:
Também acho que devia ser o Tema para Reflexão Nacional deste fim de semana. Tem muito por onde refletir. ;)

DeepGirl disse...

Quando disse que ainda havias de escrever um poema para a mulher da tua vida, não estava bem a pensar neste tipo de conteúdo, mas é um começo !

Cláudia disse...

Bem, eu não gosto muito dos textos dele. Acredito no teu pesadelo =P
E ainda bem que lhe mexeste... Sempre se tornou mais interessante.

Bj

Lucy disse...

Que grande pesadelo!Já pensei se você seria ele ou ele seria você?
e eu gosto dele! E de você também!
Não há fodas sem poesia...




(agora sim, estou no lugar certo)

Sílvia Pinto disse...

Existe foder, fodento
Existe foder, imaginado
Existe foder, sabendo
Como se fode com a mão

Ihihhihihihihihhihi
......................
Beijinhos

Patife disse...

DeepGirl:
"Um bom começo" é quando me abocanham o pincel. Isso sim, é um bom começo. Se algum dia encontrar alguma coisa, é uma cona-metade. E fujo desse dia como do apocalipse. ;)

Cláudia:
Imagina o pesadelo tenebroso... Assim que acordei, em sobressalto, fui logo foder-lhe os textos todos. Para ver se ele gosta do que me estava a fazer no pesadelo. Toma lá que é para aprenderes, Peixotinho. ;)

Lucy:
Credo. A heresia! Conseguiria lá eu sacar a torre de chonas aleatórias se tivesse o aspecto físico do Peixoto. Sou um dínamo de tesão! ;)

Sílvia Pinto:
Foder com a mão? Oh diabo. Isso era na adolescência. Agora arranjo sempre quem me dê uma mãozinha. ;)